quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Casamento no Caraça...festa com direito a natureza, arte, cultura, sabores e a ilustre visita do Lobo Guará......

         Um casamento no Caraça é uma cerimônia única, onde a beleza da natureza e a riqueza da nossa
         história  abrem espaço, para  deixar à vista sabores e temperos originais, muitas vezes esquecidos......

Você consegue achar o casal na foto???? 

   Detalhe do bolo, a decoração fica a cargo da cerimonialista Ione, que sempre com uma delicadeza a mais.
                                                      Saladas orgânicas e naturais , não faltam

                                        Frango ao Pe. Boa Vida, molho de tangerina da casa e maçãs assadas.

                                                             Temperos só naturais

Lagarto recheado com batatas ao murro
                                                                                                                 
Bombons de Cereja ao marrasquino

                                                                  Olho de sogra

                                                            Lembrancinha  Rústica
                                                       Bombons variados, nos tons de antigamente
                                                                     Bolo

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O destino turístico Entre Serras da Piedade ao Caraça no Jornal estado de Minas

É uma honra, poder colaborar com este esforço conjunto de devolver a Minas Gerais um pedaço tão grandioso de nossa história, o destino entre serras da Piedade ao Caraça.
Mais do que o esforço de governos e associações é um esforço de apaixonados, cada um ao seu modo, mas sem diferença de intensidade: D. Walmor, Sr.Heberhard, Pe. Luís Carlos, Pe.Nédio, Pe Lauro, Pe. Wilson, Pe. Carlos, Ir. Débora e Ir. Edilane, Sônia Assunção e toda a equipe do dois Santuários, Caraça Piedade, do Sesi , Fiemg e Mitra.
A todos agradeço, e com todos comemoro, mais este passo de reconhecimento por nosso trabalho!
Tim tim, com vinho de Jabuticaba, acompanhado do queijo do Frei Rosário.





Caraça: Natureza, Fé, Arte Cultura e Gastronomia....



Caraça um lugar onde as fotos se confundem com as obras de arte, de mais de dois séculos. O tempo as cores e os sentimentos ganham uma dimensão mágica , intocável!!!!! 

Os tons e paisagens não sofreram a interferência do tempo.(George Grimm-1885)

Uma comida com cor aroma e sabor como sempre desejou Pe.Célio para os visitantes do Caraça.
Lá  a natureza continua sendo a maior matéria prima.

Um lugar onde o ser humano é recebido com reverência.
Os docinhos do caraça, oferecidos à vontade a todo o visitante após cada refeição.
Prova do espírito vicentino dos Padres da Congregação da Missão.


Café Colonial Mineiro, uma herança da hospitalidade mineira no século XVIII...

....Montei a cavalo às 12h40', mas parei em casa de Paula Castro que me estava esperando na mina que aliás nunca eu disse que visitaria. Havia mesa posta , porém só bebi café com bolinhos mineiros....pág 104 do Anuário do Museu Imperial, vol. XVIII-Petrópolis-1957.
.....Ontem li St. Hilaire, e tive de concordar com ele, magnífico aquele o pão de farinha de trigo com nacos de melhor doce de goiaba....pág 93 do Anuário do Museu Imperial, vol. XVIII-Petrópolis-1957.
Estas são as únicas duas referências à comida de Minas Gerais feitas na viagem de D. Pedro II e sua esposa a Imperatriz D. Tereza Cristina à Província de Minas Gerais no ano de 1881.
Em todo diário de viagem, fica claro que conhecer a comida da província de Minas Gerais, não era a intenção da visita. O interesse  do Imperador se concentrava na mineração, na política, nas riquezas naturais e geográficas, e, na defesa da monarquia já um pouco abalada. Durante a viagem ele faz um relato minucioso e diário, mas as refeições ele descreve simplesmente como: Almoço, jantar, ceia e café, não se sabe pelo diário se ele gostava ou não do que comia nestas refeições, bem como é impossível obter  qualquer informação sobre o que, e como, era servido.
No entanto, estes dois comentários acima deixam claro a surpresa do casal com as quitandas mineiras, em particular pela Rosca da Rainha e os  Bolinhos de Chuva. Outra informação importante que fica clara no relato;  É a hospitalidade com que eram  recebidos, que muitas vezes ao chegar sem aviso, encontrava uma mesa de café que ficava sempre posta.
Á noite a ceia era sempre o chá de ervas frescas. Tendo em muitas passagens relatado suas propriedades curativas.
Foi por estas informações que lançei na Serra da Piedade o Café Colonial Mineiro, com receitas testadas e pesquisadas durante mais de um ano.
 Embora o Imperador não a tenha visitado a Serra da Piedade faz sobre ela várias observações em seu diário. Escrevendo estes dois textos acima, quando se encontrava de suas imediações.

Vista do Santuário da Piedade a 1746m de altitude.

O trio goiabada, queijo minas e doce de leite, nunca podem faltar

Biscoitos, rocambole de doce de leite e Rosca da Rainha

Bombocado de mandioca



Como na época na época a Serra servia como ponto de expiação de pecados, nada era produzido lá , todos os alimentos, chegavam trazidos pelos romeiros, e, vinham de seu em torno ou, eram fornecidos pelos caminhos em balaios, pelas Ir. da Piedade famosas quitandeiras do Asilo São Luís.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A comida do Caraça hoje....



O desafio de desenvolver a gastronomia no Caraça, passa por um ponto crucial: A simplicidade.



O projeto inclui o aprimoramento diário do sabor, da forma de preparo e das combinações do cardápio, mas sem deixar de lado seu conceito tradicional de uma comida campestre, orgânica e sem afetações.
Frango ao cariru com angu

Os produtos orgânicos, são fornecidos pela Fazenda do Engenho e pelos produtores do entorno, são usados nas receitas, que são elaboradas  com muitas pesquisa e teste. Nenhum tipo de corante ou tempero químico é usado.
A comida do Caraça é uma comida saudável e curativa, apropriada para caminhantes.
Torta rústica de galinha caipira
Nas saladas, além da azedinha, temos uma variedade colorida de saladas orgânicas e grãos diversos. Os picles e temperos são fabricados aqui mesmo.Sempre temos no cardápio pratos vegetarianos.
Carnes e outros pratos tipicamente mineiros. A noite, além do jantar tradicional,  temos os caldos que são muito apreciados.
Pernil de porco recheado
Quanto a sobremesa em todas refeições os Padres Vicentinos fazem questão de oferecer gratuitamente, um dos tradicionais doces da doçaria Caracense. Aos domingos além da sobremesa de cortesia, pode-se degustar de uma grande variedade de doces da mesa de sobremesa servida no kg.

Caraça: Uma porta de entrada para a gastronomia francesa .....

Quem conhece uma comida mineira autêntica, de preferência de fazenda , bem feita, e sem os exageros e misturas que vemos por estes fogões de lenha por aí a fora. Sabe que a verdadeira essência de nossa culinária ( principalmente a parte salgada dela) é mais francesa  do que portuguesa. Por que?

Fogão de lenha do Caraça
Passado o período anterior à descoberta do ouro, onde a alimentação se baseava na comida de borralho(tubérculos assados, caça na brasa, frutas silvestres  mescladas com a alimentação dos índios e dos escravos).
Borralho....
 Chegando ao final do século XVII, quando inicia o ciclo do ouro em Minas Gerais. A  comida entra em outro estágio: Seja trazida pelo ouro, ou pelas fazendas principalmente de açúcar, café e gado, começa a surgir uma nova classe social enriquecida em Minas Gerais, que precisava de cultura e progresso científico.
Frase da Imperatriz , D. Tereza Cristina durante `sua visita ao Colégio Imperial do Caraça.
Neste mesmo período, a França se preparava para viver sua revolução cultural e científica e artística o Iluminismo. Paris, se tornava o centro do mundo, sua cultura e ideias eram reconhecidas e desejadas por todos que a ela tinham qualquer tipo de conhecimento que ela existia.
Os jardins se confundem com a mata do Caraça....

Este desejo que a França despertava no mundo, chegou até aqui. Podemos observar vários  relatos e fatos diversos, como é o caso do Barão de Catas Altas, que tinha como serviçal um mordomo francês, ou, os menus dos Palácios de Governo sempre escritos em Francês.
No entanto, quem aprendia as técnicas destes pratos eram as escravas, já que na época o trabalho era uma afronta à  nobreza.
Detalhes dos vitrais da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens
Por outro lado com declínio do ouro, veio a fome, e  a pobreza. Para muitos um tempo perdido com a .febre do ouro.  A agricultura e pecuária eram quase inexistentes, não tinha diversidade, e, já não se tinha  pepitas para importar alimentos, caríssimos pelas estradas quase inexistentes. E outra, a abolição da escravatura, que  alterava toda a estrutura social da época. Na maioria das vezes os negros eram mantidos nas fazenda para o trabalho agrícola, mas e as escravas? Eram bocas para alimentar sem retorno produtivo. Muitas vezes as meninas eram abandonadas à sua sorte. Mas, este movimento possibilitou a difusão das técnicas de cocção das grandes fazendas, para os menos nobres da época, que usavam estas técnicas e outras nativas, aliadas à muita criatividade, para com os poucos ingredientes disponíveis,  preparar pratos saborosos.
Casa das Sampais, antigas servidoras do Caraça
Esta culinária de origens diversas: Europeia , Africana e Indígena, ficou preservada não pelas montanhas, mas pela pobreza, pela falta de estradas, pelo desinteresse despertado nas grandes correntes de imigrantes que vinham para o trabalho agrícola, em São Paulo e no Sul, na época Minas era Um lugar falido. Estes fatores a aproximaram mais ainda mais a culinária mineira da Francesa, o conceito de auto sustentação era muito próprio da França, sempre envolvida em guerras.
Horta do caraça, ainda hoje em funcionamento, citada em 1816 pelo pesquisador Francês August Saint-Hilaire

Minas vivia da subsistência: O  mineiro tinha em seu quintal, um açougue,  um mercado de frutas, legumes e verduras, uma padaria, uma doçaria, um  moinho, uma farmácia etc..
O Caraça foi uma grande porta de entrada para dar o suporte cultural e científico, ligado à França pelos Vicentinos, difundia as técnicas culturais e científicas para sustentar este processo. O próprio modo de vida no Caraça, fabricando seu próprio vinho, o queijo, produzindo suas as frutas, verduras e legumes. Além de desenvolvimento de todos os ofícios do antigo colégio: Como alfaiataria, sapataria, marcenaria, doçaria, padaria etc....
É possível, na biblioteca do Caraça encontrarmos livros, na grande maioria franceses, marcados e riscados pelo uso frequente, livros estes com diversas técnicas sobre diversos temas: Queijo,  vinho, carnes, culinária, perfumaria, farmácia etc....

Livro francês de governança e metria, editado em 1888.
Com receitas, métodos para cortes e utilização de carnes, organização e preparação de formas de receber.
Sabedores destas práticas e, de várias outras teorias, os alunos do Caraça, foram grande expoentes  e políticos de altos cargos principalmente em Minas Gerais, quando não, foram sacerdotes que ajudavam na formação de diversas comunidades. Estes alunos foram sem dúvida difusores, e referencial cultural em Minas Gerais.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Café da manhã do Caraça, ontem e hoje ....

"...O Pe. Boa Vida me perguntou-nos se desejávamos entrar antes ou depois do jantar, isto é, antes ou depois do meio-dia, pois o jantar em  todas as casas dos Lazaristas tem lugar às doze, sendo o almoço às sete da manhã e a ceia às sete da noite."(Trecho do livro Se não me falha a memória de Joaquim Sales-Ed. Giordano-1993).
Lendo este trecho, escrito por um ex- aluno do Caraça não fica difícil entender de onde vem o original café da manhã servido no Caraça, que faz cada hóspede se sentir em casa, fazendo-se parte integrante do cotidiano deste lugar centenário.
Embora este não fosse a forma original do café da manhã servido aos alunos, o conceito de café-almoço foi mantido, e, é um sucesso seja, pelas necessidades climáticas, onde a chapa de fogão de lenha propicia um aconchego de quase uma cama quente, ou pelos visitantes que fazem trilha e precisam de um desjejum especial. Com carboidratos, vitaminas,  proteínas, com pouco açúcar e gorduras.
Com cereais, frutas, sucos naturais, pão branco e integral, leite e queijo da fazenda, mel e melado orgânicos. Podendo cada um inventar o  seu modo de usar a chapa: Banana assada com canela,  mel ou melado, granola ou aveia, panqueca com queijo derretido, pão com manteiga na chapa, ovos mexidos com azeite extra virgem e outras tantas receitas que a cada gosto desfilam pelo salão. Para quem não dispensa as quitandas, bolos e a rosquinhas da casa fazem a alegria.

Hóspedes  preparando seu café da manhã.

Panqueca na chapa

Rosquinha de nata.

Bolo de banana








domingo, 15 de setembro de 2013

O Caraça, lança uma novidade mesa de doces antigos...


....no Caraça as oportunidades de aprender surgem de todos os lados e a propósito de tudo..Até durante as refeições.....(Trecho do livro: " Se não me falha a memória de Joaquim de Sales, Ed.Giordano1993."
Desde 1920, o Caraça cumpre sua função de educar, mesmo após o encerramento das atividades docentes com o incêndio 1968.
Seja na biblioteca, nas áreas de reserva natural, nas obras de arte, na observação de animais ou durante as refeições:


No refeitório, se aprendia com as  leituras feitas no púlpito, enquanto os alunos faziam as refeições.


Hije, na biblioteca, me encantei por este livro o Confeiteiro Popular de 1914,encontrei nele muitas receitas que nos revelam como eram feitos alguns clássicos de hoje.







O Manjar Branco é uma delas, receita original francesa, que fez fama também em Portugal sendo servida doce ou salgada.
Esta é uma receita antiga tem uma particularidade diferente : O leite utilizado era de amêndoas não de coco.


O doce fica leve, e saboroso, mais parecido com a Panacotta Italiana, do que o com o manjar de coco de hoje. A calda leva além de ameixas Licor Marrasquino, que enriquece e encorpa o paladar.

Manjar Branco de Leite de Amêndoas (1914) 

400 g de amêndoas sem cascas
600 ml de água
1 colher de água de flor de laranjeira
250 g de açúcar
1 pacotinho de gelatina sem sabor

Calda:
02 colheres de licor marrasquino
01 xícara de água
02 xícaras de açúcar

Bater no liquidificador as amêndoas com a água e o açúcar, coar apertando em um pano limpo, descartar a massa, e acrescentar a água de rosas.
Dissolver a gelatina em 04 colheres de água morna. Misturar ao leite de amêndoas. Colocar em forma molhada, e levar à geladeira por 2 horas.
Fazer uma calda em ponto de caramelo com 02 xícaras de açúcar e 1 xícara de água, depois de pronta a calda, acrescentar 250 g de ameixas sem caroço.Deixar esfriar, juntar o licor  e cobrir o manjar desenformado.


O trio doce de leite, doce de mamão verde e queijo minas não podem faltar.


A mesa de doces do Caraça, é cheia de outras receitas centenárias......



O doce de leite da casa,é  uma receita que maravilhosa para  7 litros de leite são usados apenas  100g de açúcar, e 06 horas de cocção lenta em fogo a lenha, até atingir o ponto ideal. 





sexta-feira, 13 de setembro de 2013

História gastronômica de Minas Gerais.


 Durante 03 anos de trabalho no Santuário Nossa Senhora da Piedade em Minas Gerais realizei um trabalho de pesquisa sobre a culinária mineira e suas origens, não só uma pesquisa teórica mas, as formas originais de preparo e cocção.
Quando comecei, eu mesma não sabia, como um lugar que não possuía nem água, poderia registrar a história gastronômica de Minas Gerais.
Foi no final do ciclo do ouro que a "perda" da riqueza aurífera, levou milhares de pessoas à Serra da Piedade em busca de forças espirituais para o difícil recomeço,sem a ilusão da fortuna rápida. Essas pessoas levaram para o Santuário da Piedade as três fazes da Culinária Mineira:
 A comida de borralho;
A comida de embornal;
A comida de fazenda;
E as influências gastronômicas dos imigrantes;
Cada fase da gastronomia mineira deixou no Santuário uma marca distinta.
O pernil de porco assado puro. Vem da época do borralho até hoje, outro que dura até hoje é o pão de queijo da época das grandes fazendas. O  jiló planta nativa sempre foi um dos salvadores da pátria durante o período de fome que assolou Minas Gerais nos idos de 1700. A farinha de trigo, só chega mesmo com a visita de D. Pedro II em 1881.
Antes pães e quitandas tinha como base o fubá, a farinha de mandioca, e as féculas de mandioca(polvilho) , e de milho(maizena).

Queijo do Frei Rosário, cura em caverna durante uma média de  60 dias, por processo de afinamento, Influência  da gastronomia francesa..Este queijo se encontra a venda no Santuário Nossa Senhora da Piedade, mas a produção é de apenas 80 unidades por mês, necessitando muitas vezes de lista de espera para a maturação.
Louça Portuguesa para o café colonial  mineiro do casamento de Izabella e Fred.
                                                     
A decoração em azul  Royal é a marca da influência portuguesa no período.
O café colonial mineiro, herança das sinhá e suas escravas.